Atualmente, de um modo geral, a juventude não tem uma participação política engajada, mas, segundo a Campanha da Fraternidade de 1992, a maioria das pessoas que participam de grandes manifestações políticas é jovem. A juventude não participa oficialmente de organizações sociais porque tem uma maneira própria de se manifestar diferente das décadas anteriores. Hoje, os jovens se manifestam formando grupos: grafiteiros, skatistas, hip-hop, grupos de rap, e outras tribos juvenis. Esses grupos são maneiras que o jovem tem para manifestar a sua participação na sociedade, em busca de um reconhecimento. Constantemente vitimas da exclusão social e da alienação política na busca pelos seus direitos, muitos jovens não assumem seus papeis na luta pela garantia desses direitos, porque acreditam que, entre outras coisas, "é perda de tempo", "nunca dá em nada", "é tudo politicagem"!
O jovem de hoje é aquilo que o capitalismo sempre sonhou. Ou seja, está inserido em um formato criado pela indústria cultural. Para ser considerado normal e valorizado dentro da sociedade, ele deve estar por dentro da ultima moda, tem que ter um corpo sarado e ser aceito no meio da galera. Se um jovem não tem o último tênis da moda, se não tem um corpo cheio de curvas ou é introvertido é deixado de lado, esquecido. O que deixa claro que para ser aceito dentro dessa "Sociedade Capitalista" é preciso que ele tenha poder aquisitivo para consumir, como se isso fosse uma senha de reconhecimento. Com isso, boa parte dessa Juventude que vive sem perspectivas de se inserir nessa "sociedade dos sonhos" e impulsionada pelo poder de influência da mídia passa a sentir essa necessidade de buscar sua "senha de acesso" a qualquer custo, mesmo que pra isso tenha que abrir mão de valores como: família, respeito e dignidade. Com isso acabam caindo na marginalidade, formando "galeras", praticando furtos, homicídios e outros tipos de delitos encarados como "novo valor pessoal e social", basta entrar no orkut para que se tenha uma noção de como esses "valores" são apresentados. A mídia faz do jovem um ser estigmatizado e que não se envolve com as causas sociais. De outro lado, o mercado se volta ao jovem como alvo perfeito para vender seus produtos. E para isso usa como arma, a propaganda e o marketing. Nesse aspecto a mídia é fundamental, pois impõe diversos contra-valores e faz disso uma falsa oportunidade para "ser feliz".
Se o jovem toma consciência do quanto é manipulado, o mercado não teria para quem vender seus produtos, e alguns valores até hoje "talvez" estariam preservados, pois, quando essa juventude é provocada ela é capaz de empunhar a bandeira e lutar pelos direitos coletivos. Isso é importante: "A juventude luta pelos direitos coletivos"! A juventude de 60 e 70, por exemplo, foi marcada por um senso de revolta e indignação contra a privação da liberdade. Alguns desses jovens enfrentaram a ditadura, foram presos, mortos, desapareceram para nunca mais serem encontrados, mais lutaram e venceram! Isso revela o quanto à juventude organizada torna-se uma força dinamizadora da sociedade, clamando por justiça e cidadania.
Por tudo isso, é necessário abrir espaços e oportunidades a essa juventude, é preciso acreditar e confiar mais nessa geração, e principalmente, ouvi-los, acolhê-los. Isso não é difícil e cabe a nós Pais, Professores, amigos e outros comprometidos com essa juventude, a missão de "mergulhar" na realidade social e afetiva deles. Afetiva porque existem jovens que foram construídos sem amor: nunca se sentiram amados e nunca aprenderam a amar. Isso não acontece somente em famílias pobres. A falta de amor é uma realidade em todas as classes sociais. Talvez falte isso também à humanidade de hoje. Senão, não teríamos sidos trocados por máquinas e outras coisas que geram massificação, manipulação, exclusão, revolta...
A esperança está aí e se alimenta desta novidade que se desenha pelas várias forças que se colocam juntas para encontrar outras alternativas, outros sistemas - projetos que gerem vida, que sejam solidários, sensíveis e, principalmente, que sejam construídos com um desejo comum: o de que todas as pessoas sejam respeitadas na sua diferença e iguais nos seus direitos.
Depois de séculos o nosso País vive um momento muito importante e fértil para que a juventude se organize e faça "um outro movimento" que seja de fortalecimento das organizações populares, dos movimentos sociais. Lugares de onde brotam as saídas para um outro Brasil, para um outro Mundo, para um outro jeito de viver.